Se você ainda não ouviu falar de blockchain e acha essa palavra pra lá de estranha, não se preocupe, pois não é único.
É que o termo é relativamente novo e muita gente ainda não teve contato com ele.
Agora, de uma coisa você pode ter certeza: quem ainda não conhece, logo irá incorporar o blockchain ao seu vocabulário.
Afinal, ele representa uma evolução tecnológica capaz de revolucionar o sistema financeiro.
Ou seja, estamos falando aqui da forma como você controla, cuida e movimenta o seu dinheiro.
O tema é um pouco técnico, é verdade.
Por isso, vou buscar neste artigo ser o mais didático possível, retomando alguns pontos quando necessário, para facilitar a sua compreensão.
Até o final da leitura, desejo que você compreenda o blockchain, como ele funciona, como usar e o que já existe em termos de blockchain no Brasil.
Para começarmos, esse é o resumo: vamos falar do seu dinheiro.
Então, é um motivo mais do que especial para você ficar ligado e ampliar seus conhecimentos, concorda?
Vamos em frente, explorar o blockchain e seu mundo particular.
Antes de explicar o blockchain, vamos falar do bitcoin, pois os dois conceitos estão relacionados.
O bitcoin, como talvez você já saiba, é uma moeda virtual, também chamada de criptomoeda.
Ele compre em algumas transações no mundo virtual a mesma função que as cédulas de real em seus pagamentos no dia a dia.
E o que viabiliza essas transações e o registro delas é a tecnologia blockchain.
Embora o bitcoin tenha maior fama, especialmente depois de notícias anunciarem supostos novos ricos que fizeram fortuna com a moeda, muitos dão maior importância ao blockchain.
“O blockchain é uma invenção radical, capaz de descentralizar muitos outros sistemas além do monetário”, afirma Kevin Kelly em seu livro Inevitável: As 12 Forças Tecnológicas que Mudarão o Nosso Mundo, publicado neste ano no Brasil pela HSM.
Kelly se posiciona ao lado de outros especialistas que veem no blockchain um potencial maior do que o do bitcoin.
Hoje, o conceito está muito relacionado às finanças.
Mas, no futuro, não se sabe ainda o quanto essa tecnologia pode evoluir depois de lapidada.
Então, o primeiro fato importante para você saber é que o blockchain não é um produto, nem um serviço, um fornecedor ou uma implementação que sobrevive por si só.
O blockchain está mais para um conceito relacionado a um banco de dados e não apenas a um único banco, mas a vários.
Kelly o chama de livro contábil público e, inclusive, sugere mais alguns usos futuros.
A compra e venda de imóveis seria um deles, substituindo o caro e por vezes demorado processo hoje realizado por cartórios.
Outra possibilidade levantada pelo autor seria a da utilização do blockchain em operações de importação e exportação de bens.
“Várias startups e investidores de risco tentam desenvolver maneiras de usar a tecnologia do blockchain como mecanismo confiável de uso geral, para além do dinheiro”, afirma Kelly, em outro trecho da obra.
Assim, no momento, a melhor forma de entender o blockchain talvez seja como um banco de dados responsável pelo registro público de transações.
É uma definição que até limita um pouco o alcance da tecnologia, mas facilita a sua compreensão.
O conceito de blockchain foi mencionado pela primeira vez por Satoshi Nakamoto, alguém (ou algo) que nem se sabe ao certo se existe.
Tudo para aumentar o mistério em torno da tecnologia.
A verdade é que não se sabe se esse nome é de um pessoa, um grupo de pessoas ou uma organização.
Mas existe um paper que explica de forma técnica o conceito introduzido e você pode encontrá-lo neste link.
No entanto, para entender sobre blockchain, vamos falar sobre bitcoin um pouquinho.
Sem dúvidas você já leu algo sobre bitcoin e sabe que ela é uma moeda baseada em criptografia e descentralizada, considerada o “ouro digital”..
Dessa forma, ao contrário do Banco Central, que emite cédulas de tempo em tempo, com os bitcoins, os computadores participantes da rede de transação produzem essas moedas.
Essa produção é chamada “mineração”, pois remete aos tempos da Corrida do Ouro.
Mas, na verdade, o que esses computadores fazem é um processo de contabilidade e não uma “produção” de moedas físicas, propriamente dita.
Ele acaba sendo o livro caixa, onde estão inseridas todas as transações feitas em bitcoin, desde a primeira, que foi realizada em 2009 (quando surgiu o bitcoin) até hoje.
As transações são validadas por computadores dessa grande rede, através de uma longa série de números, tipo um código de barras.
Essa sequência de números contém informações sobre a transação em si.
Feita naquele momento e também sobre a transação realizada imediatamente antes dela, seja qual for o lugar do mundo.
Por isso, se diz que o blockchain forma uma cadeia de informações criptografadas, impossível de ser violada, resultando em transações absolutamente confiáveis.
Além disso, por se tratar de informações criptografadas e em cadeia, não há risco de fraude, conforme defensores da tecnologia.
Para responder a essa questão é preciso ficar claro que bitcoin é a criptomoeda do momento.
No entanto, Satoshi Nakamoto não mencionou nada sobre blockchain em seu primeiro paper.
Esse conceito só aparece depois, quando Hal Finney (a primeira pessoa a fazer uma transação em bitcoin) pergunta a Nakamoto como tudo aquilo ficaria registrado.
Essa conversa você pode acompanhar neste link, no entanto, esse material está disponível apenas em inglês.
Dessa forma, a relação é justamente essa: o bitcoin é a moeda e o blockchain é o banco de dados onde ficam registradas as transações feitas com elas.
O blockchain é uma base de dados segura que emprega energia computacional para sua manutenção.
O bitcoin, por sua vez, pode ser custodiado pelo proprietário e transferido para um terceiro.
Por isso, embora alguns queiram dissociar os dois, não é possível fazer isso, pois o bitcoin é o dinheiro e o blockchain é a tecnologia.
O bitcoin existe enquanto dinheiro contábil e o blockchain como plataforma para registrar a propriedade e as transações feitas utilizando esse dinheiro.
Hoje, um não existe sem o outro. Em um futuro breve, talvez o blockchain vá além do bitcoin.
Como já mencionei, o blockchain é uma espécie de livro caixa que guarda informações de quem possui os ativos na internet.
Quando qualquer transação é feita com esses ativos, ocorre o acionamento de uma “cascata de validação” das informações que deve entrar em consenso para liberar a transferência.
Cada uma das partes envolvidas nesse processo possui uma parte da criptografia.
Somente quando se reúnem os códigos é que o bloco de informações é montado.
Por isso, o processo é tão confiável e antifraude.
Os códigos são tão complexos que podemos fazer uma analogia dizendo que é como se os negociadores e as testemunhas estivessem assinando um contrato de negociação, em uma mesa de reuniões.
E, por isso, não há a necessidade de intermediários.
Cada usuário dessa plataforma é chamado minerador e é ele quem valida e registra as próprias transações.
Esse é o processo de mineração.
Então, vamos a um exemplo, o que sempre ajuda.
Imaginemos que existem dois mineradores negociando: José e Pedro.
José envia 100 reais para Pedro.
Ambos, como mineradores, confirmam a validade da transação e a adicionam à cadeia de blocos.
Assim, seu bloco é o último de uma cadeia inteira, já que sua negociação foi a última da rede, por exemplo.
No entanto, como novas negociações como a de José e Pedro são feitas a cada 10 minutos, novos blocos se juntam de forma sucessiva.
Dessa forma, para que o blockchain funcione, cada um pode controlar cada nó dessa cadeia de dados.
Ela é mantida coletivamente pelos diversos usuários para registrar as transações com bitcoins.
Por isso, os códigos são tão extensos e criptografados, de forma a aumentar a segurança.
Existe todo um esforço no sentido de evitar gastos excessivos, falsificação e adulteração do banco de dados.
Dessa forma, o blockchain pode fazer a contabilidade sem precisar de um órgão máximo ou uma autoridade central que, cá entre nós, poderia ser corruptível.
Tudo bem, ainda que não tenha ficado tão claro, já deu pra entender o básico. Mas, afinal, para que serve tudo isso?
O blockchain tem a mesma intenção de praticamente toda nova tecnologia moderna: otimizar processos.
Essa otimização torna possível obter maior agilidade nas transferências, assim como mais segurança no controle e acesso de informações de propriedade.
Isso tudo sem que exista a necessidade da participação de um terceiro ou mesmo de um sistema centralizado na mão de uma autoridade ou órgão de governo, como acontece com o sistema financeiro tradicional.
Essa cadeia de dados possui referência ao bloco de dados imediatamente anterior, o que valida toda a informação da rede.
Além disso, essa tecnologia permite que todas as informações fiquem armazenadas e a aceitação e a validação também podem ser feitas coletivamente.
“Como assim? Se não depende de um terceiro, como os dados podem ser validados coletivamente?” É simples de entender.
Por ser um único “livro caixa”, o compartilhamento por todos os membros e usuários do sistema também é único.
Um ponto bem importante é que toda transação é irreversível, principalmente se for antiga.
Assim, quanto mais antiga ela for, mais difícil fica de conseguir realizar a reversão do processo.
Isso diminui ainda mais as possibilidades de fraudes.
Está certo. Você já entendeu que é seguro.
Mas além da segurança, existem outras vantagens no uso do blockchain? Essa é uma boa pergunta.
Vamos ao tópico seguinte para saber as respostas.
Não é apenas sobre segurança que estamos falando. O sistema blockchain tem várias outras características que podem dar origem a vantagens.
Confira só algumas delas:
Tudo o que é novo chama a atenção, não é mesmo?
Com o blockchain não está sendo muito diferente.
Bancos e instituições financeiras do mundo todo estão analisando a possibilidade de adotar esse tipo de criptografia.
A uma entrevista no Valor.com, Marcelo Frontini, do Bradesco, falou da importância do uso de uma ferramenta com esse grau de segurança na gestão de contratos, por exemplo.
Para ele, o uso do blockchain seria muito interessante, nesse caso, para autenticar legalmente uma transação entre as partes envolvidas.
Na prática, isso eliminaria estágios burocráticos envolvidos na etapa de registro e reconhecimento de firmas em cartório.
Além disso, existe a possibilidade de automatizar a execução dos contratos.
O que se daria através do desenvolvimento de sistemas com capacidade para efetuar a verificação do cumprimento das regras e condições pré-estabelecidas.
A verdade é que o blockchain poderia ter inúmeras aplicações, no entanto, a aplicação financeira, devido ao lançamento do bitcoin, é a que tem causado maior impacto até o momento.
Alguns bancos estão experimentando modelos parecidos, com adaptações para seus próprios interesses e necessidades.
Os resultados do blockchain são bastante interessantes e essa tecnologia tem previsão e capacidade para transformar o mercado de valores e a face do comércio.
Neste artigo, estimou-se que o uso do blockchain por grandes bancos poderia reduzir em cerca de 20 bilhões de dólares os custos bancários, além de facilitar a parte operacional de diversas transações bancárias.
Conheça alguns bancos que já estão investindo nessa possibilidade e como estão aplicando:
Outras instituições que já estão utilizando o blockchain:
O blockchain pode até parecer algo relacionado ao universo da fantasia e, sim, ainda existe certo ceticismo a seu respeito.
Tudo que é novo envolve um pouco de insegurança.
Além disso, a própria ameaça ao modelo mental já existente acaba assustando um pouco as pessoas.
Tudo isso nos leva a parar para pensar e questionar sobre o que será feito dos modelos de negócio já existentes.
Também foi assim com a internet e até mesmo quando disseram que todos os produtos teriam que ter código de barras.
Muita gente não gostou, torceu o nariz e outros tantos analisaram com desdém, duvidando do seu sucesso.
Que tal, então, nos despirmos de qualquer preconceito para entender como isso funciona na prática mesmo?
Pode parecer um pouco “Matrix”, mas funciona de verdade.
Vou dar alguns exemplos que podem ajudar a elucidar tudo isso.
Nos bancos, já é possível perceber que o blockchain está causando algum impacto.
Toda aplicação ainda é uma fresta da porta que poderia ser aberta a esse imenso universo da tecnologia.
E as instituições financeiras poderiam ser as maiores interessadas devido à perspectiva na redução de custos e de aumento da segurança.
O fato é que as inovações utilizando blockchains são predominantes em startups e os bancos representam uma parcela ínfima na adoção desse projeto.
O que alguns estão olhando com bons olhos é o fato de criar uma aceleradora e procurar incorporar inovações que eles mesmos criam, baseados nesses sistemas.
A verdade é que o uso do blockchain pode ser um choque de cultura com o grau de modernidade a que estamos expostos.
Mas quanto à aplicação prática, poderíamos comparar com as próprias fintechs, que exploraram seu espaço e foram ganhando confiança aos poucos.
Em 2015, por exemplo, já eram 268 startups financeiras baseadas em blockchain.
Com o blockchain, os bancos tendem a perder relevância nos processos financeiros, pois se distanciam dos clientes.
É que a tecnologia se aproxima e lhes dá mais liberdade, com maior segurança, permitindo que o próprio usuário possa fazer as suas transações.
Mas o blockchain não é apenas para o setor financeiro, embora esteja sendo aplicado prioritariamente nele.
O seu potencial é grande e pode ameaçar os modelos de negócios que conhecemos, qualquer que seja baseado em confiança, como cartórios, registro de automóveis, casamentos e patentes, etc.
O BitNation, por exemplo, é um site que apresenta um potencial de mudança no modelo governamental, para um mundo sem fronteiras.
Ele promete oferecer um serviço de governança mais seguro, conveniente e sem fronteiras.
Já cogitam o La’Zooz como o blockchain que vai substituir o Uber. Sim, é isso mesmo!
A ideia é que as pessoas possam escolher seus motoristas ou caronas coletivas sem a necessidade de uma organização fazendo o processo.
Ou seja, outra alternativa de poder descentralizado.
Se você se voltar para a ideia de Organização Autônoma Descentralizada, onde as regras são especificadas por um programa de computador, validados por blockchain, tudo isso passa a fazer mais sentido.
O texto deste blog fala exatamente desse tipo de poder. Infelizmente, grande parte das referências sobre o assunto ainda estão em inglês pois o assunto é muito novo.
Aqui tem um resumo em português sobre isso e pode te ajudar a entender um pouco melhor também.
Outro exemplo de aplicação prática pode ser em votações governamentais.
A verdade é que blockchain pode sim redesenhar os modelos de negócios que conhecemos atualmente. Resta esperar para ver o que se confirma na realidade.
Neste artigo, apresentei o conceito de blockchain, a sua relação com o bitcoin, mitos, medos, expectativas e perspectivas em torno da tecnologia.
No momento atual, o bitcoin é o irmão famoso, vem despertando interesse, gerando grandes transações e se transformando em dinheiro.
É, inclusive, uma opção de investimento financeiro já.
Mas o potencial do blockchain se mostra muito mais ilimitado.
Antes de encerrar, veja só mais um trecho do livro de Kevin Kelly, que trata justamente dessa questão:
“O bitcoin pode prevalecer ou não, mas a inovação do blockchain, capaz de gerar níveis extremamente elevados de confiança entre desconhecidos, promete descentralizar cada vez mais instituições e setores.”
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