Se você procura uma sociedade, você quer um casamento.
Acha essa uma comparação exagerada?
Então, veja só: você pensa em abrir uma sociedade, terá alguém para partilhar os momentos bons e ruins, assim como lucros ou prejuízos.
Ou seja, é uma união válida para a alegria e a tristeza, na saúde e na doença.
E tal qual um matrimônio, há um contrato de sociedade que é quase como uma declaração de regime de bens.
Isso sem falar na necessidade de planejamento para dar certo e no compromisso assumido com o futuro dessa união.
E que ela seja eterna enquanto dure. Mas se não durar, é possível desfazer a parceria, em uma espécie de divórcio – espero que amigável.
Então, para começar a aprender como fazer uma sociedade empresarial, entenda que precisa de um parceiro no qual confia e acredita na capacidade.
Será trabalhando ao lado dele que, juntos, farão essa empresa sair do papel e prosperar.
Caso ainda não esteja pronto para o desafio, não se preocupe.
Reuni neste artigo as principais informações sobre como funciona uma sociedade empresarial, trazendo valiosas dicas para uma sociedade dar certo.
Você vai aprender também como dividir os lucros em uma sociedade de forma justa e até de como entrar em sociedade já existente, se este for seu caso.
Se você tem um sonho empreendedor, talvez ele dependa desse passo para ser realizado.
Então, seja cuidadoso para não colocar tudo a perder.
Quais as vantagens de abrir um negócio em sociedade?
Se não existissem tantas vantagens em ter um sócio, quase ninguém optaria por essa opção.
Afinal, seria bem mais atrativo tocar o negócio próprio sozinho e não ter que dividir o lucro da empresa com ninguém.
Mas, afinal, quais são essas vantagens?
De primeira, eu poderia citar que o sócio pode ser um “ombro amigo” quando a empresa passa por dificuldades. Isso não quer dizer misturar a vida profissional com a pessoal.
Ter um sócio significa poder dividir despesas e também os lucros.
É ele quem vai partilhar os momentos de alegria, quando tudo sai como planejado, e também os de dificuldade.
Principalmente no segundo caso, ter com quem compartilhar os problemas ajuda a controlar a ansiedade e a não entrar em desespero.
Sabe aquilo de pensar mais com a razão do que com a emoção?
Esse também é o papel de uma sociedade
Outros motivos que levam o empresário a querer ter um sócio é poder somar conhecimento técnico à empresa.
Imagine que você precise administrar a contabilidade de seu negócio, mas não tenha habilidades com os números, ou deteste essa parte burocrática.
Achar alguém com esse perfil, além de economizar, deixa essa parte nas mãos de uma pessoa que você confia.
Não se trata de substituir o contador, é bom dizer. Mas se o empreendedor não participa diretamente desse processo, ele pouco agrega para melhorar a empresa.
E por falar em gestão, não podemos esquecer da importância que um sócio tem na parte financeira, especialmente para dar o pontapé inicial na ideia.
Ao juntar o dinheiro disponível por ambos, é possível iniciar com um bom capital social, garantindo o investimento necessário para começar com o pé direito.
Agora que já falei sobre as principais vantagens de abrir uma empresa em sociedade, vou resumi-las em tópicos para que possa avaliar melhor esse investimento:
- Poder partilhar anseios e preocupações
- Dividir a responsabilidade pelas decisões sobre os rumos da empresa
- Somar recursos para investir no negócio
- Ter no parceiro um incentivo ao próprio trabalho de qualidade
- Poder se ausentar da empresa, como ao tirar férias
- Estabelecer uma divisão de tarefas conforme a competência de cada um.
O que considerar antes de ter um sócio?
As vantagens estão aí, mas quem será o sócio ideal para você?
Sabe aquela pessoa que sempre o apoiou para abrir o negócio próprio? Que sempre esteve presente quando você tinha dúvidas de algo e acabava dando dicas? Talvez seja o seu futuro sócio.
E geralmente é isso que acontece mesmo.
Quando a pessoa acompanha de perto a abertura de uma empresa, mesmo que não seja dela, acaba por ser parte do negócio.
Se você sente que pode confiar nela, nada mais justo do que convidá-la para ser seu sócio.
É importante valorizar quem sempre esteve ao nosso lado, se a pessoa em questão reunir as qualificações para o posto, é claro.
Mas se você não tem alguém com essas características por perto, isso não significa que não possa escolher um bom sócio.
Para isso, seja cuidadoso e criterioso.
Ainda que não seja uma parceria para toda a vida, você estará confiando a sua empresa para outra pessoa.
Isso quer dizer que ela terá conhecimento de todos os procedimentos de seu negócio, inclusive de todo dinheiro que entra e sai do caixa, das contas a pagar e a receber.
E devo lembrar que, conforme a sua escolha, rapidamente o que era vantagem vira um problema.
Estou falando especificamente das visões de negócio diferentes.
A princípio, essa característica é ótima e agrega ao negócio.
Mas, no futuro, poderá gerar brigas e motivar disputas.
Por tudo isso, avalie bem se você precisa mesmo de um sócio.
Donos de empresas, às vezes, se precipitam ao oferecer uma sociedade.
Para contratar alguém de fora, primeiro é preciso olhar para dentro e ver se esse é o melhor momento para isso.
Eu quero ajudá-lo a descobrir e, por isso, preparei cinco questionamentos que você deve fazer a si próprio.
As suas respostas é que irão lhe guiar para a melhor decisão a tomar.
- Qual o motivo de você querer um sócio em sua empresa?
- Que benefícios e vantagens ele pode trazer ao negócio?
- Como serão divididas as responsabilidade de maneira justa?
- O seu negócio tem condições de manter um sócio?
- Existe confiança mútua entre você e o seu futuro sócio?
Dica: se você demorou mais de dois segundos para responder à última pergunta, talvez seja melhor refletir um pouco mais sobre essa sociedade.
Eu considero esse como o principal questionamento que você deve se fazer, e ele precisa de uma resposta afirmativa e muito clara para ambos.
Se vencer essas etapas e tiver certeza da sua decisão, tenho certeza de que seu futuro sócio irá valorizar o voto de confiança recebido.
E trabalhará com garra e vontade pelo sucesso da empresa de vocês.
Conheça os principais tipos de sociedade
Depois de refletir bem sobre as perguntas que relacionei, você decidiu que este é o momento ideal ter alguém junto da sua empresa.
Talvez já tenha até escolhido a pessoa para ocupar esse posto.
Então, só falta definir qual será o tipo de sociedade que irá abrir.
Vou especificar cada uma delas para que a decisão fique mais fácil, sendo escolhida de acordo com o perfil do seu negócio.
O Código Civil separa as sociedades de acordo com a atividade econômica exercida pela empresa.
Veja quais são as possibilidades:
Sociedade Simples
Esse tipo de sociedade é mais voltado para profissionais liberais e prestadores de serviços que trabalham com atividades intelectuais (de natureza científica, literária ou artística).
Os exemplos de sociedades simples mais comuns são os consultórios dentários, médicos, escritórios de advocacia, entre outros.
Esses profissionais formam uma pessoa jurídica com o propósito de desenvolver melhor seus serviços.
Sociedade Empresária
É formada pela união de empresários e tem o objetivo de organizar a atividade econômica realizada.
Geralmente, ocorre entre um ou mais sócios, que se reúnem para determinado fim comercial.
Para entender melhor como funciona, vale conhecer cada um dos seus subtipos, digamos assim.
São eles: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada e sociedade anônima.
Sociedade em Nome Coletivo
Nessa sociedade, a formação é exclusiva para pessoas físicas, isso é, é registrada por um CPF e não CNPJ, quando dois ou mais sócios estarão à frente de seu comando.
Os sócios respondem de maneira solidária e de forma ilimitada pelas dívidas adquiridas.
O interessante deste tipo de sociedade é que é possível especificar cláusulas no contrato que determinam as funções de cada sócio.
Pelo nome, já conseguimos identificar esse tipo de sociedade.
Sabe quando vemos um sobrenome junto da expressão “& Cia” ou “& Companhia”?
O nome empresarial utilizado é o da pessoa que possui o registro.
Outra característica é que todos os sócios são automaticamente administradores da empresa e não é possível adicionar um administrador que não seja sócio.
Assim, se você quiser contratar alguém de fora para exercer essa função, nesse tipo de sociedade isso não é permitido
Apenas os sócios têm permissão para administrar a sociedade, segundo os poderes de gerenciamento elaborados no contrato.
Não é obrigatório que os sócios invistam na empresa com valores ou bens de capital.
A sua participação pode se dar simplesmente pela prestação de serviços, por exemplo.
Saiba ainda que não é possível usar quotas da sociedade para pagar dívidas particulares dos sócios.
Essa exigência pode ser bastante útil para os empresários separarem a vida privada da profissional.
Sociedade em Comandita Simples
A sociedade em comandita simples é um estilo misto, visto que alguns sócios possuem responsabilidades limitadas.
Este tipo de sociedade pode ser bastante útil, pois determina papéis.
Nela, os sócios podem ser de duas categorias diferentes:
- Comanditados: responsáveis solidários e pessoas físicas (donos efetivos da empresa)
- Comanditários: responsabilidade limitada, determinada pela primeira categoria.
Uma dica é usar a categoria de comanditários por um período determinado, até para que possa avaliar se a sociedade funciona.
Após esse teste inicial, os dois podem administrar a empresa de maneira ilimitada.
Para a entrada de um novo participante na sociedade, é preciso o consentimento de todos os outros.
Sociedade Limitada
Cada sócio tem uma responsabilidade exclusiva, que varia de acordo com o valor das quotas.
Mas isso não quer dizer que aqueles que disponibilizam valores menores não tenham responsabilidade determinada pelo contrato social.
Pelo contrário, todos zelam para que a empresa funcione de maneira integral.
Mas respondem por possíveis dívidas do negócio na proporção idêntica à sua participação no capital social.
Ou seja, se você contribui com 30%, sua responsabilidade será limitada a esse percentual.
Se você for um pequeno empresário ou está estruturando um negócio que ainda será de pequeno porte, a sociedade limitada por ser o tipo mais indicado para você e seus sócios.
É também a modalidade de sociedade mais simples de ser feita e, por isso, acaba por ser a mais popular entre os empreendedores.
Diferente da sociedade em nome coletivo, é possível contratar um profissional de fora para ser o administrador, mesmo que não tenha o nome no contrato social da empresa.
Sociedade Anônima
É conhecida popularmente como S.A, sendo o tipo de sociedade mais completa.
É também chamada de companhia e seu capital é dividido em ações.
Uma S.A. é formada por, no mínimo, sete sócios, e suas responsabilidades como acionistas se dão conforme a quantidade de ações que cada um deles possui.
Neste sentido, ela é similar à sociedade limitada, mas, em vez de capital, é a quantidade de ações determina a responsabilidade de cada um.
E para tanto, não importa se foram adquiridas anteriormente ou posteriormente.
A S.A. tem uma forma de constituição única, ou seja, tudo é determinado na forma de lei e estatuto da empresa.
Assim, os sócios sabem com maior clareza o que é permitido ou não nesse tipo de sociedade.
A burocracia da sociedade
A formalização das sociedades varia de local para local, pois depende da legislação de cada estado e mesmo de acordo com regras do município.
Por isso, recomendo que você faça uma consulta prévia na prefeitura sobre exigências e possíveis licenças aplicáveis à sua atividade.
Mas há obrigações que são regidas por leis federais e, por isso, devem ser atendidas por todo o tipo de empresa em sociedade.
Em primeiro lugar, é preciso se registrar na prefeitura, no Estado, na Receita Federal e na Previdência Social.
Dependendo da atividade realizada, pode ser que você também precise de um registro na Entidade de Classe, na Secretaria de Meio Ambiente, na Vigilância Sanitária e em outros órgãos de fiscalização.
Parece muita coisa?
No site do Governo Federal, há um passo a passo que vai facilitar a sua vida.
Trazendo informações detalhadas sobre os documentos necessários em cada um dos locais que você precisar registrar a sua sociedade.
9 dicas para uma sociedade de sucesso
Depois de entender todos os processos necessários para formalizar a sua sociedade empresarial, é hora de botar a mão na massa.
Confira as principais dicas práticas para alcançar o sucesso.
1. Metas em comum, perfis diferentes
Qualquer perfil pode vir a ser um empresário, basta ter organização e disciplina e foco nos objetivos do negócio.
Por isso, engana-se quem pensa que os sócios precisam ter características semelhantes.
Toda forma de pensar é válida e acrescenta à empresa.
Como eu disse acima, a sociedade é como um casamento, no sentido de um sócio complementar o outro.
Cada participante oferece habilidades e esforços em troca de uma parcela de lucro da empresa.
A soma de conhecimentos e capacidades aumenta a chances de atingir um bom resultado.
Você pode ser um excelente líder, por exemplo, um gestor capaz de motivar equipes e tirar o melhor de seus colaboradores.
Por outro lado, controles burocráticos e finanças talvez não sejam o seu forte, mas sim do seu sócio.
É aí que entra a tal da complementaridade.
2. Tudo muito claro no papel
É importante definir as regras do jogo antes de começar a jogar, certo? O mesmo vale para uma empresa.
Tudo deve ser documentado e compartilhado para que todos os sócios tenham reais conhecimentos sobre responsabilidades, direitos e obrigações de cada um.
Isso evita dores de cabeça futuras e também garante, tanto para a empresa quanto para os sócios, proteção e direitos legais.
Lembre-se: alguns tipos de sociedade precisam de contratos específicos.
Se atente a isso na hora de escolher a sociedade de sua empresa.
3. Funções bem definidas
Como cada sócio possui um perfil diferente e uma habilidade específica, também é interessante delimitar papéis na empresa.
Assim, você garante que todas as tarefas sejam cumpridas e cada um saiba das suas responsabilidades.
O contrato, item que falei anteriormente, também tem essa função.
Além de delimitar as funções de cada sócio, ele formaliza de maneira escrita, sendo firmado por todos os participantes da empresa.
Se cada um souber bem o seu papel, poderá desempenhá-lo de maneira mais adequada.
4. Promessa é dívida
Nunca prometa aquilo que não poderá cumprir.
Em uma empresa, é necessário ser fiel àquilo que foi combinado.
Primeiro, por estar no contrato e, segundo, pelo fato de uma sociedade funcionar por meio da confiança.
Se meu parceiro não cumpre com o combinado, como posso confiar a ele a responsabilidade de gerir uma empresa?
Para não correr esse risco, planejamento é fundamental.
No caso de metas, por exemplo, procure focar em objetivos possíveis de alcançar.
Assim, você chega aos resultados e não desmotiva os demais sócios.
5. Erros acontecem, mantenha o foco na solução
Os problemas são inevitáveis. Vez ou outra, eles vão aparecer.
Por isso, é preciso ter calma e focar no que pode ser feito para encontrar uma solução.
Nessa hora, ter um sócio facilita, pois ambos podem pensar juntos, além de ajudarem um ao outro no “peso” do problema.
Novamente, vou falar de planejamento.
Ele é fundamental em vários sentidos para a empresa e, nesse caso, ajuda a antecipar erros.
Não é que obstáculos deixem de existir, mas assim que ele surgir, você já terá uma carta na manga para lidar bem com o imprevisto.
6. Escute e respeite o que o sócio tem a dizer
Procure sempre levar em conta a opinião do seu sócio.
Escute-o e, mesmo que você não concorde com a solução apresentada, respeite-o.
Do contrário, qual seria o sentido de ter uma parceria se não para levar em conta o que o outro tem a dizer?
Pensamentos divergentes podem engrandecer a empresa e ajudar a propor soluções diferentes.
Se, para você, uma sociedade é apenas dividir despesas, talvez seja melhor repensar a ideia de ter um sócio.
Trata-se de uma parceria, tanto nas coisas boas como nas ruins.
7. Transparência é a palavra de ordem
Para que tudo funcione de maneira adequada, além de levar em conta a opinião do outro, também é fundamental ser honesto.
Da mesma forma que você deve prezar por transparência, o mesmo deve acontecer da sua parte.
Por isso, o contrato é tão importante.
Ele coloca os “pingos nos is” para que cada um saiba o que ocorre na empresa.
Com as cartas na mesa, ambos concordaram com as especificações do contrato.
Agora, é só cumprir como que foi acordado.
8. Não misture vida pessoal com a sociedade
Este item é muito importante. Sabe aquela pessoa que é um ótimo amigo? Ou seu marido (ou esposa)? Não necessariamente esse é o perfil de um bom sócio.
Só sintonia não basta – é necessário disciplina e organização para dar certo.
Isso significa que ambiente de trabalho não é lugar para discutir problemas pessoais.
E o mesmo se aplica à própria casa, que deve ser respeitada como um local de descanso e convívio com a família e amigos.
E não esqueça de fugir daquele erro amador de misturar as finanças pessoais com as empresariais.
O primeiro passo para isso é abrir uma conta como pessoa jurídica.
9. Façam investimentos iguais
Considero essa como uma recomendação importante, embora nem sempre seja fácil de ser colocada em prática.
Ao abrir o negócio próprio, é normal que cada sócio aplique uma quantidade de capital na empresa, pois é a fonte de recursos financeiros, pelo menos inicialmente.
Porém, para não correr o risco de alguma parte se sentir inferior ou superior na relação, seria interessante que cada sócio investisse a mesma quantidade em dinheiro ou bens.
Conclusão
Então, como avalia a ideia de ter um sócio, agora que tanto sabe sobre sociedades empresariais?
Acredito que tenha percebido como essa decisão é de grande responsabilidade, não é mesmo?
Como vimos neste artigo, há várias razões para ter um sócio e esse pode, inclusive, ser o diferencial para abrir a empresa que planeja.
Mas eu volto a recomendar que não tome essa decisão sem avaliar bem prós e contras.
E caso realmente se decida pela sociedade, seja extremamente criterioso na escolha do seu parceiro de negócios.
Permita se guiar pela razão, não pela emoção.
Defina um sócio que complemente suas habilidades e que contribua para o crescimento do negócio.
Como tudo na vida, mais vale prevenir do que remediar.
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